Mídia

Mídia

 


Desde este momento percebi que teria que ter mais atitude!

 

Colegas. Gosto muito de relembrar o passado. Fatos marcantes que emocionaram e que vocês podem observar algo semelhante. Eu, Alex Garcia, vivi intensamente muitas emoções desde muito jovem. O passado sempre deve ser lembrado para que possamos projetar o futuro de forma mais justa e igualitária. Vou contar a todos uma história real vivida por mim quando tinha 16 anos. Titulo essa história de "Desde este momento percebi que teria que ter mais atitude"!

Quando contava com 16 anos iniciei o ensino médio em uma Escola Estadual. Nesta escola, no mesmo ano, chegou à primeira sala de recursos para Pessoas com Deficiência Visual. Chegou à primeira máquina Braille. Foi à oportunidade de Pessoas com Deficiência estarem na escola. Até então eu era o primeiro e único a estar na Escola Regular. Estava desde os 6 anos, desde a pré-escola na Escola Regular. Em nossa cidade e região as Pessoas com Deficiência sempre estiveram em Escolas Especiais ou em suas casas. Lembro minha idade hoje: 35 anos. Podem perceber através de minha idade que Pessoas com Deficiência buscam estar na Escola Regular à cerca de 20 anos apenas.


Foto 1 - A foto mostra o espaço que era montado nas feiras. Ao fundo uma grande faixa branca e letras azuis com os dizeres "Método Braille" À frente os colegas de Alex Garcia. Nesta foto Alex Garcia está à direita de camisa vermelha.

Voltando a sala de recursos para Pessoas com Deficiência Visual. Entrei nesta sala. Aprendi rapidamente o Braille, e acabei trabalhando de voluntário na sala, apoiando outras Pessoas com Deficiência. Se hoje ainda tenho grande entusiasmo, vontade e amor, vocês imaginam quando tinha 16 anos. Eu estava literalmente em todas as "divididas".

A primeira sala de recursos para Pessoas com Deficiência Visual. A primeira máquina Braille. Pensei: "Tenho que fazer algo para mostrar isso à sociedade". Assim a aula de biologia onde estávamos estudando os sentidos, organizei um trabalho sobre o tato e é claro tendo o Braille como centro. A professora de biologia adorou. Eu mantendo a força, convidei alguns colegas e inscrevi o trabalho na feira de ciências da escola. Vencemos a feira da escola! Estávamos classificados para a feira de ciências do município. E vamos que vamos! Vencemos também a feira do município. Ebaaa! Era o Braille circulando. Estava com dores na mão de tanto escrever nomes de pessoas em Braille. Pessoas estas que visitaram nosso espaço nas duas feiras. 


Foto 2 - A foto mostra o espaço que era montado nas feiras. Ao fundo uma grande faixa branca e letras azuis com os dizeres "Método Braille" À frente os colegas de Alex Garcia. Bem a frente uma jovem cega que voltou a estudar quando a sala de recursos foi instalada na escola.

Vencendo a feira do município, estávamos classificados para a feira regional de ciências. Nossa iríamos representar nossa cidade. Era uma alegria tremenda. Na feira regional de ciências novamente muito trabalho e o Braille muito divulgado. Nesta etapa perdemos. Sim. Fomos derrotados por minhocas. Tiramos quarto lugar. O terceiro lugar ficou com uma caixa de vidro cheia de terra e muitas minhocas a circular. Era um trabalho para mostrar como as minhocas fazem os sulcos na terra colaborando com a irrigação.

Eu, Alex Garcia chorei muito naquele momento. A professora de biologia tentava me acalmar, mas senti ali a dor do preconceito. A dor da pressuposição. Não preconceito. Não pressuposição contra mim. Senti contra o método que era sim o "trampolim" para vôos mais altos de muitas Pessoas com Deficiência. Desde aquele momento, mais ou menos vinte anos atrás, percebi que teria que ter mais atitude!

Alex Garcia

Pessoa Surdocega. Presidente da Agapasm. Coordenador do Núcleo Regional do Rio Grande do Sul pelo Instituto Baresi. Escritor. Especialista em Educação Especial. Vencedor II Prêmio Sentidos. Rotariano Honorário - Rotary Club de São Luiz Gonzaga-RS. Líder Internacional para o Emprego de Pessoas com Deficiência Professional Program on International Leadership, Employment, and Disability (I-LEAD) Mobility International USA / MIUSA. Membro da World Federation of Deafblind - WFDB. Membro da Aliança Brasileira de Genética. Colunista da Revista REAÇÃO e do Portal Planeta Educação. Consultor da Rede Educativa Mundial - REDEM. Consultor Instituto Inclusão Brasil

 

 

 

Voltar à página principal.