São Luís das Missões, mais tarde chamada de São Luiz Gonzaga, foi fundada em 1687 pelo padre Miguel Fernandes, em região localizada a noroeste do atual Estado do Rio Grande do Sul, no chamado território das Missões, estas criadas em decorrência da ação dos jesuítas destinada à catequese dos índios guaranis, habitantes daquela área.
As missões jesuíticas se desenvolveram por largo território que atingia Argentina e Paraguai, além do Brasil, criando uma florescente civilização de construtores, escultores, entalhadores, pintores, músicos e outros artesãos, os quais deixaram marcas que hoje perduram nas ruínas da denominada República Guarani. Das trinta reduções jesuíticas existentes, sete se fixaram à margem esquerda do Rio Uruguai depois de 1687, dando origem aos Sete Povos das Missões, em cujos territórios hoje se situam os atuais municípios de São Luiz Gonzaga, São Borja, São João Batista, São Nicolau, São Lourenço das Missões, São Miguel das Missões e Santo Ângelo. Sobreviveram até 1756, quando guaranis e jesuítas foram expulsos por tropas portuguesas e espanholas por força da nova divisão do território entre as duas nações estabelecida pelo Tratado de Madri de 1750.
Com a expulsão e morte da população indígena local pelos invasores, apesar da heróica resistência liderada pelo chefe guarani Sepé Tiaraju, a região passou por uma fase de abandono e estagnação até o século XIX, quando iniciou o desenvolvimento da atividade agrícola e pecuária, alcançando um momento de progresso que culminou com a emancipação política em 1880.
José Gomes Pinheiro Machado, ao retornar dos seus estudos de Direito em São Paulo, em 1878, se estabeleceu na cidade com banca de advocacia e passou a desenvolver a pecuária na Fazenda Piraju, de propriedade da sua família, muito trabalhando durante a sua carreira política pelo progresso do município.
Dedicando-se apaixonadamente à causa republicana, fundou em São Luiz o primeiro Clube Republicano Riograndense. Mais tarde, já como senador da República pelo Estado do Rio Grande do Sul, no alvorecer do século XX, procurou criar para a região a infraestrutura para o progresso, através da construção da estrada de ferro, da ponte sobre o Rio Piratini, da criação da escola agrícola e de outras iniciativas.
Com a chegada de importante unidade do Exército Brasileiro, o 3º Regimento de Cavalaria, em 1905, novos fatores de progresso daí se desenvolveram.
O município, por estar situado na região das Missões, é valorizado pelo turismo, que oferece muitos pontos de interesse para os visitantes a partir da história local. Além disso, é lugar de belas paisagens, cortadas por diversos arroios e rios, como o Piratini, o Ijuí e o Ximbocu.
São Luís Gonzaga
São Luís Gonzaga, S.J., (Mântua, 9 de março de 1568 — Roma, 21 de junho de 1591) foi um religioso italiano e santo da Igreja Católica.
Filho de Ferrante Gonzaga, marquês de Castiglione e irmão do Duque de Mântua, príncipe do Sacro Império, sendo herdeiro do feudo soberano de Castiglione; seu pai gostaria que seu primogênito seguisse seus passos de soldado e comandante no exército imperial.
Com apenas 5 anos de idade já marchava atrás do exército do pai, aprendendo o uso das armas com os rudes soldados. Recebeu educação esmerada e uma forte educação cristã por parte de mãe, frequentou os ambientes mais sofisticados da alta nobreza italiana.
Mas aquele menino daria fama à família Gonzaga com armas totalmente diferentes e quando foi enviado a Florença na qualidade de pajem do grão-duque da Toscana, aos dez anos de idade.
Luís imprimiu em sua própria vida uma direção bem definida, voltando-se à perpétua virgindade. Em sua viagem para a Espanha, onde ficou alguns anos como pajem do Infante Don Diego, filho de Filipe II, serviu-lhe para estudo da filosofia na universidade de Alcalá de Henares e a leitura de livros devotos. Após ter recebido a primeira comunhão das mãos de São Carlos Borromeu, decidiu para surpresa de todos, pela vida religiosa, entrando para a Companhia de Jesus, derrubando por terra os interesses nele depositados pelo seu pai, tendo sido eternizado na fachada da Sé Nova de Coimbra com uma estátua em sua homenagem.
Luís tornou-se o modelo da pureza para todos os jovens, mesmo em meio às vaidades e tentações do seu tempo. Ele teve uma grande provação por parte do seu pai, que ao saber que desejava ser sacerdote, não só o desaconselhou, mas passou a levá-lo em festas mundanas, até que perguntou a Luís: "Ainda segue desejando ser sacerdote?" "É isto que penso noite e dia", respondeu o jovem e perseverante santo.
Renunciou ao título e à herança paternas e aos catorze anos entrou no noviciado romano da Companhia de Jesus, sob a direção de São Roberto Belarmino. Esquecendo totalmente sua origem de nobreza, escolheu para si as incumbências mais humildes.
São Luís Gonzaga escreveu: "Também os príncipes são pó como os pobres: talvez, cinzas mais fedidas".
Algo também que marcava a espiritualidade de Luís era a pergunta que fazia a si mesmo diante de algo importante a fazer: "De que serve isto para a Eternidade?"
São Luís Gonzaga teve de ir para Roma no ano de 1590 por motivos de estudo, mas ao deparar-se com as vítimas do contagioso tifo, compadeceu-se dos que sofriam e seu envolvimento foi tanto ao ponto de pegar a doença e morrer no dia 21 de junho de 1591 (data esta que hoje se comemora o seu dia) com apenas 23 anos, em nome da caridade e pureza.
São Luís Gonzaga é considerado "patrono da juventude", e seu corpo repousa na Igreja de Santo Inácio, em Roma.
«Ó Luís Santo, adornado de angélicos costumes, eu, vosso indigníssimo devoto, vos recomendo singularmente a castidade da minha alma e do meu corpo. Rogo-vos por vossa angélica pureza, que intercedais por mim ante ao Cordeiro Imaculado, Cristo Jesus e sua santíssima Mãe, a Virgens das virgens, e me preserveis de todo o pecado. Não permitais que eu seja manchado com a mínima nódoa de impureza; mas quando me virdes em tentação ou perigo de pecar, afastai do meu coração todos os pensamentos e afetos impuros e, despertando em mim a lembrança da eternidade e de Jesus crucificado, imprime profundamente no meu coração o sentimento do santo temor de Deus e inflamai-me no amor divino, para que, imitando-vos cá na terra, mereça gozar a Deus convosco lá no céu. Ámen.»
( Oração a São Luís Gonzaga)
Sepé Tiaraju
Sepé Tiaraju (Redução de São Luís Gonzaga, em data desconhecida — São Gabriel, 7 de fevereiro de 1756) foi um índio guerreiro guarani, considerado um santo popular brasileiro e declarado "herói guarani missioneiro rio-grandense" pela Lei nº 12.366[1][2].
Nascido em um dos aldeamentos jesuíticos dos Sete Povos das Missões, foi batizado com o nome latino cristão de Joseph. Bom combatente e estrategista, tornou-se líder das milícias indígenas que atuaram contra as tropas luso-brasileira e espanhola na chamada Guerra Guaranítica.
Tal conflito inscreve-se no contexto histórico das demarcações decorrentes da assinatura do Tratado de Madrid (1750), que exigiu a retirada da população guarani aldeada pelos missionários jesuítas do território que ocupava, havia cerca de 150 anos. A posse da região ainda seria objeto do Tratado de Santo Ildefonso (1777) e do Tratado de Badajoz (1801).
Viviam na região dos Sete Povos das Missões aproximadamente trinta mil guaranis. Somando-se os do Paraguai e da Argentina, alcançaram um total estimado de oitenta mil indígenas evangelizados, que habitavam em aldeias planejadas, organizadas e conduzidas como verdadeiras cidades. O interesse luso-brasileiro por esta extensa região deveu-se, além da posse territorial, ao gigantesco rebanho de gado, o maior das Américas, mantido por esses mesmos indígenas.
Pereceu em combate contra o exército espanhol na batalha de Caiboaté, às margens da Sanga da Bica, na entrada da cidade de São Gabriel, durante a invasão das forças inimigas às aldeias dos Sete Povos. Após sua morte pereceram aproximadamente 1.500 guaranis diante das armas luso-brasileiras e espanholas.
Por seu feito, chegando a ser considerado um santo popular, virou personagem lendário do Rio Grande do Sul, e sua memória ficou registrada na literatura por Basílio da Gama no poema épico O Uraguay (1769) e por Érico Veríssimo no romance O Tempo e o Vento. É-lhe atribuída a exclamação: "Esta terra tem dono!"
Como homenagem ao heroísmo e à coragem de Sepé Tiaraju, a rodovia RS-344 recebeu o seu nome.
Existe também no Rio Grande do Sul o município de São Sepé, nome que reflete a devoção popular pelo herói indígena.
José Gomes Pinheiro Machado
Foto: José Gomes Pinheiro Machado
José Gomes Pinheiro Machado (Cruz Alta, 8 de maio de 1851 — Rio de Janeiro, 8 de setembro de 1915) foi um dos mais influentes políticos brasileiros do início do século XX.
Pinheiro Machado estudou na Escola Militar e aos quinze anos abandonou o curso para lutar, como voluntário, na Guerra do Paraguai. Deixou o Exército em 1868 e permaneceu durante seis anos na fazenda de seu pai, no Rio Grande do Sul, para se recuperar do desgaste físico sofrido em batalha.
Após esse período, viajou para São Paulo, onde se formaria em 1878 pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
A propaganda republicana
Ainda estudante, formou com alguns colegas o Clube Republicano Acadêmico e fundou o jornal A República. Após a sua formatura, casou-se, ainda em São Paulo, com a bela Benedita Brazilina da Silva e voltou para o Rio Grande do Sul, onde passou a exercer a advocacia na Cidade de São Luís das Missões, atual São Luís Gonzaga e fundou o primeiro partido republicano daquela província.
Ardoroso defensor do estabelecimento da República no Brasil, lançou-se à propaganda com republicanos como Venâncio Aires, Demétrio Ribeiro, Apolinário Porto Alegre, Ramiro Barcelos, Joaquim Francisco de Assis Brasil e Júlio Prates de Castilhos, de quem ficou amigo.
O político
Com o advento da República, elegeu-se senador, participando a seguir do Congresso Constituinte (1890/91), na cidade do Rio de Janeiro. Com a eclosão da Revolução Federalista no seu estado natal, em 1893, deixou a sua cadeira no Senado Federal, para combater o movimento armado no comando da Divisão Norte, por ele organizada.
Derrotou os revolucionários comandados por Gumercindo Saraiva na Batalha de Passo Fundo, fato esse que lhe valeu a patente de general. Retornou ao Senado, onde permaneceu até a sua morte.
Foi, também, um dos mais hábeis políticos brasileiros, conseguindo impor-se no Senado, onde, com a sua liderança, desempenhou um papel importantíssimo para a consolidação da República. Estendeu o seu grande prestígio à Câmara dos Deputados. Pinheiro Machado atingiu a sua máxima influência quando Nilo Peçanha assumiu a presidência, após a morte de Afonso Pena. Nessa ocasião apoiou a candidatura do marechal Hermes da Fonseca à presidência da República em oposição a Rui Barbosa, apoiado pelos estados de São Paulo e Bahia, entretanto, o resultado das eleições foi de 403.800 votos para Hermes da Fonseca contra 222.800 para Rui Barbosa, na época, o normal era que um candidato de oposição recebesse de 20 a 30 mil votos.
Apoiou e garantiu, também, a eleição de Venceslau Brás. Este, porém, ao ser eleito, não teria na visão de Pinheiro Machado cumprido os compromissos assumidos durante a campanha.
Numa hábil manobra política oposicionista, Pinheiro Machado fez com que o ex-presidente Hermes da Fonseca fosse eleito senador pelo Rio Grande do Sul.
Pinheiro Machado foi apunhalado pelas costas por Francisco Manso Paiva, no hall do Hotel dos Estrangeiros, situado na Praça José de Alencar, na cidade do Rio de Janeiro, deixando um grande vazio no cenário político nacional. Com a sua morte, o Partido Republicano Conservador, do qual era presidente, praticamente, desapareceu.
O patriotismo
Júlio de Castilhos, o patriarca do Rio Grande do Sul, em citação da sua época, assim se refere à Pinheiro Machado: "na vida do Rio Grande, esse nome representa uma tradição fulgente e equivale a um constante ensinamento cívico. Na vida da República, ele se destaca, em nobre saliência, avultando sempre, dia por dia, pela palavra imaculada e pelo exemplo permanente da mais admirável abnegação de patriota".